Brasil: Un carnaval antirracista y antimachista
Notas sobre el tema
Além do “não é não”: saiba como não perpetuar machismo no Carnaval
Para o carnaval ser mais democrático, é necessário repensar atos e omissões sexistas que prejudicam mulheres nas ruas. Veja 5 exemplos
Reconhecer comportamentos sexistas e aprender a evitá-los é um processo necessário para a desconstrução de machismos, mas esse movimento não deve ser feito apenas por mulheres.
No carnaval e muito além de fevereiro, é necessário debater sobre quais ações são reprováveis e quais devem ser tomadas caso uma mulher esteja sob perigo ou tensão gerada por um assédio.
Para situações complexas, não há saída mais efetiva do que o debate: CartaCapital separou algumas dicas úteis de conscientização e prática para a criação de um espaço mais seguro para elas. Confira:
1. Não é não: flerte não é assédio
Há uma diferença entre o flerte e o assédio, e é importante falar sobre ela. Apesar do “Não é não” ter se popularizado após um coletivo de mulheres investir em disponibilizar adesivos para o Carnaval de 2017, há a ideia de que insistir em ficar com alguém faz parte do flerte. Não faz.
Algumas campanhas nas redes sociais mostraram como não existe uma compreensão de que o não é, realmente, não. Muitos pensam que é uma questão de charme, timidez ou que a mulher irá mudar de ideia, mas a insistência em si também amedronta quem está na rua para se divertir.
Em um vídeo da plataforma Catraca Livre, é possível ver como a opinião popular dos homens de flerte e assédio é diferente das mulheres. “Se a gente já trocou um olhar, não é chegar puxando o cabelo, mas se colocar a mãozinha na cintura, ok!”.
Outra das campanhas que circularam nas redes contra o assédio no Carnaval foi idealizada pela Revista AzMina, especializada no debate de gênero, que também nomeou como as “cantadas” que sexualizam não são nada menos do que abusivas.
“O cara curte uma mulher. Chama ela, uma completa desconhecida, de ‘gostosa’ e ‘delícia’. Ela provavelmente vai ficar com medo”, diz uma das publicações.
2. A roupa (ou falta dela) não diz nada
É o clichê: verão, fevereiro, carnaval… usar roupas curtas não tem nada a ver com provocações, mas sim com a festa e a liberdade de escolha de cada um.
Dessa forma, justificar um toque, um olhar malicioso e qualquer comentário sobre a forma como a mulher está vestida é algo que deve ser barrado além do carnaval.
Um caso recente de assédio serve como exemplo: uma adolescente gravou um motorista de aplicativo assediando-a e publicou nas redes sociais. O homem justificou suas ações ao dizer que a garota estava com um “shorts do tipo Anitta” e sentada de maneira “desleixada” no banco do carro.
Em uma mentalidade sexista, isso significa que a mulher “estava pedindo” ou “dando os sinais” para falas que sugiram contato sexual. Erro crasso.
3. Muvuca não é desculpa
O carnaval de rua cresce a cada ano nas capitais do País, assim como a quantidade de bloquinhos. A aglomeração de pessoas em cortejos mais famosos, porém, não justifica qualquer aproximação maliciosa, que envolva roçar partes íntimas propositalmente em mulheres nas ruas, no transporte público e em qualquer lugar.
Se você for homem, procure não ficar atrás de mulheres nessas situações, porque elas podem ficar extremamente desconfortáveis e se sentirem inseguras em relatar o incômodo. Peça licença, seja educado. Passe de lado ou fique junto de seus colegas para não constranger nenhuma desconhecida.
4. Não se silencie
O assédio nas ruas também envolve quem não é a vítima dele: mulheres são desmerecidas ao relatarem alguma situação abusiva, e assistir a tudo de longe não melhora a situação para ninguém.
Caso veja uma mulher precisando de ajuda ou discutindo em relação a algum assédio, procure saber o que houve e a escute. Caso ela esteja nervosa com o que acabou de acontecer, acalme-a com palavras, e não com abraços ou toques indesejados.
Se você for homem, procure chamar uma colega para ajudá-la também – ela tende a confiar mais em uma outra mulher, não leve para o lado pessoal. Caso necessário, chame a polícia para apurar as circunstâncias do ocorrido, já que ninguém é justiceiro para resolver problemas com as próprias mãos. O importante é deixar claro que ela não está sozinha.
5. Seja solidário
Uma mulher desacordada por beber ou passar mal não é motivo de graça ou chacota, muito menos de filmagens e fotos indevidas. Assédio sexual é crime previsto na Lei de Importunação Sexual e, em casos mais graves, pode ser enquadrado como estupro de vulnerável.
Por isso, se perceber que uma mulher não está consciente ou está sozinha e desorientada, ofereça ajuda. Da mesma forma do item anterior, se você for homem, chamar uma amiga para intermediar a conversa irá deixar a outra mulher mais aliviada.
Procure saber se ela está com amigos e se pretende encontrá-los, e não deixe que ela volte sozinha para casa, ainda mais com motoristas homens. Ofereça o telefone para ela ligar para alguém de confiança e deixe claro que você está ali para ajudá-la.
Em casos extremos, procure as autoridades locais. Se a mulher chegou a ser violentada de alguma forma, é necessário que ela seja encaminhada para um hospital a fim de cuidar de sua saúde em primeiro lugar. A ida à delegacia e o boletim de ocorrência podem ser feitos em um segundo momento.
Centenário Cordão da Bola Preta materializa o carnaval de rua do Rio
O Bola Preta não é um bloco conhecido pela presença de personalidades, embora uma ou outra apareça por lá. Nem tampouco vende camarotes e abadás, apesar de ambulantes e barraqueiros improvisarem áreas VIP no seu trajeto a contragosto de muitos.
Mas o seu desfile no centro do Rio de Janeiro no sábado de carnaval materializa a folia de rua, mesmo com o incômodo da superlotação registrada nos últimos anos. Uma conjunção de fatores que levam milhões de foliões ao cortejo do Bola Preta reúne história, afinidade e tradição.
O livro Vem pro Bola, Meu Bem! Crônicas e Histórias do Cordão da Bola Preta (Numa Editora), de André Diniz e Diogo Cunha, que teve segunda edição lançada recentemente, dá a pista para entender tamanha atratividade à agremiação criada no último dia do ano de 1918.
Na obra, acontecimento sobre o cordão é entremeado por textos de personalidades ligadas à cultura carioca sobre sua experiência com a agremiação: Aldir Blanc, Emílio Domingos, Heloisa Seixas, Luiz Antonio Simas, Marcelo Moutinho, Mariana Filgueiras, Marina Iris, Moacyr Luz, Nei Lopes, Pedro Ernesto, Raquel Valença e Alberto Mussa, que faz a apresentação do trabalho.
Como surgiu o nome
A formação do bloco foi partir de outro grupo carnavalesco de vida curta cujo símbolo era um barril de chope com 18 torneiras (uma para cada componente). Mas como se deu o nome?
O livro apresenta várias versões. Algumas delas indicam ser inspiração de moças vestidas de bolas pretas apreciadas pelos fundadores do bloco no seu momento de criação.
Há outra relacionada a jogo onde o preto e branco se fazia presente na bolsa de apostas. E tem uma, em depoimento dado pelo mais importante membro do grupo de criadores da agremiação há mais de um século, o K. Veirinha, aqui transcrita no livro:
“Se originou em razão da condição a que eram submetidos os aspirantes ao serem propostos para o grupo, pois, sendo esse inteiramente fechado, não se admitia novo componente sem que houvesse unanimidade na aceitação. A votação era feita em escrutínio secreto, através de bolas pretas e brancas, bastando apenas uma bola branca para impedir a entrada do novo elemento. Da exigência da unanimidade, surgiu o nome que perdura até hoje”.
O Cordão da Bola Preta começou sua longa trajetória em bailes de salão, só indo à rua a partir de 1933, com o desfile parecido com os de escola de samba da época, com modestos carros alegóricos.
Livro com histórias da agremiação revela sua identidade com o folião comum
O Bola Preta não é um bloco conhecido pela presença de personalidades, embora uma ou outra apareça por lá. Nem tampouco vende camarotes e abadás, apesar de ambulantes e barraqueiros improvisarem áreas VIP no seu trajeto a contragosto de muitos.
Mas o seu desfile no centro do Rio de Janeiro no sábado de carnaval materializa a folia de rua, mesmo com o incômodo da superlotação registrada nos últimos anos. Uma conjunção de fatores que levam milhões de foliões ao cortejo do Bola Preta reúne história, afinidade e tradição.
O livro Vem pro Bola, Meu Bem! Crônicas e Histórias do Cordão da Bola Preta (Numa Editora), de André Diniz e Diogo Cunha, que teve segunda edição lançada recentemente, dá a pista para entender tamanha atratividade à agremiação criada no último dia do ano de 1918.
Na obra, acontecimento sobre o cordão é entremeado por textos de personalidades ligadas à cultura carioca sobre sua experiência com a agremiação: Aldir Blanc, Emílio Domingos, Heloisa Seixas, Luiz Antonio Simas, Marcelo Moutinho, Mariana Filgueiras, Marina Iris, Moacyr Luz, Nei Lopes, Pedro Ernesto, Raquel Valença e Alberto Mussa, que faz a apresentação do trabalho.
Como surgiu o nome
A formação do bloco foi partir de outro grupo carnavalesco de vida curta cujo símbolo era um barril de chope com 18 torneiras (uma para cada componente). Mas como se deu o nome?
O livro apresenta várias versões. Algumas delas indicam ser inspiração de moças vestidas de bolas pretas apreciadas pelos fundadores do bloco no seu momento de criação.
Há outra relacionada a jogo onde o preto e branco se fazia presente na bolsa de apostas. E tem uma, em depoimento dado pelo mais importante membro do grupo de criadores da agremiação há mais de um século, o K. Veirinha, aqui transcrita no livro:
“Se originou em razão da condição a que eram submetidos os aspirantes ao serem propostos para o grupo, pois, sendo esse inteiramente fechado, não se admitia novo componente sem que houvesse unanimidade na aceitação. A votação era feita em escrutínio secreto, através de bolas pretas e brancas, bastando apenas uma bola branca para impedir a entrada do novo elemento. Da exigência da unanimidade, surgiu o nome que perdura até hoje”.
O Cordão da Bola Preta começou sua longa trajetória em bailes de salão, só indo à rua a partir de 1933, com o desfile parecido com os de escola de samba da época, com modestos carros alegóricos.
A marcha que embala a agremiação de autoria de Nelson Barbosa e Vicente Paiva, de 1935, surgiu do Bloco da Chupeta, formado por frequentadores do Bola Preta.
A composição tornou-se um clássico carnavalesco, recebendo inúmeras gravações ao longo do tempo: “Quem não chora, não mama! Segura, meu bem, a chupeta / Lugar quente é na cama / Ou então no Bola Preta.”
A obra crava Elizeth Cardoso, frequentadora do bloco, como a intérprete definitiva da inesquecível marcha.
Símbolo da cidade
Em 2008 o Bola Preta perdeu sua imponente sede na rua 13 de Maio fruto de uma dívida impagável, mas deu a volto por cima, principalmente pelo seu papel e relevância no ressurgimento do carnaval de rua do Rio de Janeiro registrado no início dos anos 2000, com resgate de marchinhas e sambas antológicos.
A agremiação mantém estreita relação com a cidade e se tornou patrimônio do lugar mesmo sendo um elemento vivo e não um monumento. A fantasia de seus foliões com bolas pretas estampadas na roupa branca é um marco.
A agremiação foi também propulsora na formação de vários blocos pela cidade, faz parte da lembrança carnavalesca de muita gente e produziu um sem número de personagens característicos ligados à agremiação de alguma forma, alguns mencionados no livro Vem pro Bola, Meu Bem! Crônicas e Histórias do Cordão da Bola Preta.
Tanto André Diniz como Diogo Cunha, autores da obra, são conhecidos no Rio por transitarem entre o samba, o choro e o carnaval. O livro é um mergulho na manifestação popular de rua.